domingo, janeiro 07, 2007

FELICIDADE

Foi interessante ouvir Paula Moura Pinheiro no seu Camara Clara e João Pereira Coutinho falarem de felicidade, onde num juizo moral e intelectual afirmaram o engodo da "felicidade plena", prometida pelos sistemas políticos utópicos, dado que facilmente caiem ou cairam no contraditório e estabelecem ou estabeleceram o oposto.

Enternecedor e até comovente foi assitir às expressões cândidas de PMP e JPC, quando a primeira lê um excerto da Declaração de Independência do Estados Unidos da América de 1776, cujo o autor foi Thomas Jefferson: «Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade»

Porém contradições das contradições, paradoxos dos paradoxos, incompatibilidades das incompatibilidades encontro-as aqui, através da seguinte redacção, «PARECE PARADOXAL que Thomas Jefferson, um dos eternos heróis da democracia norte-americana, fosse também o proprietário de mais de 180 escravos exatamente à época em que proclamava que todos os homens foram criados iguais e foram "dotados por seu Criador" com os "direitos inalienáveis" à "vida, liberdade e à busca da felicidade". Além disso, ao longo da existência ele continuou afirmando que a escravidão era injusta e imoral. Em 1785 usara a frase "avareza e opressão" para caracterizar o interesse escravista e a contrastara com o "direito sagrado" à emancipação. Um ano depois, admirava-se ao constatar que patriotas norte-americanos que haviam suportado castigos físicos, fome e prisão nas mãos de seus opressores britânicos pudessem infligir "em seus semelhantes um cativeiro uma hora do qual produz mais infelicidade do que séculos daquele cativeiro contra o qual se insurgiram e combateram". No último ano de vida, Jefferson reiterou sua crença de que era ilegal "um homem apropriar-se para seu uso das faculdades de outro sem seu consentimento"».

Quase que me apetecia citar Fernando Pessa na sua imensa sabedoria ...

Sem comentários: