Esta é das coisas que maior indignação me causou nos últimos tempos: «O presidente e executivo-chefe da American Internacional Group Inc. (AIG), Edward Liddy, disse em depoimento a um painel da Câmara norte-americana, nesta quarta-feira, que o corpo de dirigentes do Federal Reserve, o banco central dos EUA, tinha conhecimento dos planos da seguradora em pagar US$ 165 milhões em bônus a executivos, algo que provocou uma indignação política.
Liddy, em testemunho ao subcomitê de Mercado de Capitais dos Serviços Financeiros, disse que as decisões de pagar os bônus aos executivos da AIG foram tomadas "em cooperação" com funcionários do Federal Reserve bem antes de o dinheiro ter sido pago em 15 de março.
"Tudo o que fizemos foi em parceria com o Federal Reserve", disse Liddy. "Eles têm a habilidade de determinar algo a favor ou contra sobre tudo em discussão". Liddy acrescentou que "nós falamos sobre isso com o corpo de dirigentes e com representantes do Fed literalmente por três meses", disse Liddy.
Liddy também afirmou que a seguradora pediu a alguns dos seus funcionários que receberam bônus que devolvam pelo menos metade do dinheiro, pago nos últimos dias. Segundo ele, a AIG pediu aos empregados da divisão de produtos financeiros que receberam mais de US$ 100 mil que devolvam pelo menos metade do pagamento.
A AIG tomou a medida enquanto os congressistas norte-americanos planejam intimar a companhia AIG para que apresente uma lista com os nomes de todos os executivos que receberam os US$ 165 milhões em bônus, algo que Liddy descreveu como "repugnante". A notícia do pagamento de bônus causou forte indignação entre os norte-americanos, porque o governo injetou US$ 170 bilhões para evitar a quebra da seguradora. Liddy afirmou que a AIG "ouviu claramente o povo norte-americano nos últimos dias", e afirmou que alguns empregados até se apresentaram para devolver o bônus integralmente. As informações são da Dow Jones.» Yahoo FINANÇAS.
domingo, março 22, 2009
E PORQUE HÁ QUEM ESTEJA FARTO ...
... de ser explorado e carregar às costas a qualidade de vida e a ganância dos outros, por isso, «Com a vitória do candidato apoiado pela Frente Farabundo Martí para a Liberação Nacional (a ex-guerrilha de esquerda agora social-democratizada) em El Salvador, o mapa da América Latina torna-se ainda mais uniforme, dividido quase exclusivamente entre a esquerda radical e o centro-esquerda. Graças a décadas de ditaduras de direita (com a excepção de Cuba, à esquerda), apoiadas pelos Estados Unidos e pela Europa, e de processos de liberalização selvagem da economia, a esquerda conquistou o continente através do voto.

Um factor que, no xadrez internacional, terá de contar. Mesmo sabendo que entre Lula e Chavez, Bachelet e Lugo, Ortega e Vázquez, Kirchner e Correa há enormes diferenças, o Mundo não poderá continuar a tratar este bloco económico e político com o mesmo desprezo e paternalismo do passado. Ainda bem.» De Daniel Oliveira - Arrastão.

Um factor que, no xadrez internacional, terá de contar. Mesmo sabendo que entre Lula e Chavez, Bachelet e Lugo, Ortega e Vázquez, Kirchner e Correa há enormes diferenças, o Mundo não poderá continuar a tratar este bloco económico e político com o mesmo desprezo e paternalismo do passado. Ainda bem.» De Daniel Oliveira - Arrastão.
segunda-feira, fevereiro 23, 2009
OS MELHORES DO 1º 1/6 DE 2009 (Actualizado)
Eles chamam-se:
THE AIRBORNE TOXIC EVENT.
A ouvir. «The Airborne Toxic Event - Sometime Around Midnight»
A ler: «Os Airborne Toxic Event são uma banda de indie rock de Los Angeles. O nome da banda é inspirado por uma parte do livro White Noise de Don DeLillo.
O grupo incorpora instrumentos de cordas e teclados, juntamente com a guitarra, o baixo e a bateria, instrumentos característicos de qualquer banda de rock.
O seu primeiro álbum foi editado nos EUA em Agosto do ano passado e será lançado no Reino Unido no dia 9 de Fevereiro. Recebeu boas críticas de um modo geral, sendo que a única que foi mais desfavorável foi a da Pitchfork. Tendo em conta esta crítica a banda escreveu uma carta no seu site acerca da Pitchfork que merece ser lida.
Recentemente a banda actou no Late Show with David Letterman.»Tudo isto no BLITZ [Aqui].
Também, um belo som da colheita de 2009. White Lies - To lose my life.

THE AIRBORNE TOXIC EVENT.
A ouvir. «The Airborne Toxic Event - Sometime Around Midnight»
A ler: «Os Airborne Toxic Event são uma banda de indie rock de Los Angeles. O nome da banda é inspirado por uma parte do livro White Noise de Don DeLillo.
O grupo incorpora instrumentos de cordas e teclados, juntamente com a guitarra, o baixo e a bateria, instrumentos característicos de qualquer banda de rock.
O seu primeiro álbum foi editado nos EUA em Agosto do ano passado e será lançado no Reino Unido no dia 9 de Fevereiro. Recebeu boas críticas de um modo geral, sendo que a única que foi mais desfavorável foi a da Pitchfork. Tendo em conta esta crítica a banda escreveu uma carta no seu site acerca da Pitchfork que merece ser lida.
Recentemente a banda actou no Late Show with David Letterman.»Tudo isto no BLITZ [Aqui].
Também, um belo som da colheita de 2009. White Lies - To lose my life.

OSCARES 2009

TEXTO DE NUNO GALOPIM, NO SEU "SOUND PLUS VISION" :«Não foram muitas entre os prémios, mais surgiram na cerimónia. E houve de facto surpresa na 81ª noite de entrega dos Oscars de Hollywood. Quem Quer Ser Bilionário?, de Danny Bolye era o vencedor esperado, somando triunfos uma multidão de categorias (oito no total). Milk foi um dos menos esperados vencedores da noite, ganhando apenas dois Oscares, mas daqueles de peso: Melhor Actor e Melhor Argumento Original. Já O Estranho Caso de Banjamin Button, apesar de ter conquistado três Oscares, nenhum conseguiu fora das chamadas categorias técnicas. Ninguém esperava a vitória do filme japonês Departures para Melhor Filme Estrangeiro. A maior das surpresas foi contudo a cerimónia em si. Desde a magnífica apresentação de Hugh Jackman (a lembrar a versatilidade de um Billy Crystal) às soluções encontradas para apresentar os Oscares aos actores, convocando para o palco colegas desta e outras gerações, cruzando tempos e memórias da história do cinema.»

«A vitória de Sean Penn como melhor actor pelo seu papel em Milk, de Gus Van Sant, foi uma das grandes surpresas da noite.» [...]

«Os Oscar de Melhor Actriz Principal foi entregue a Kate Winslet e o de Melhor Actriz Secundária a Penelope Cruz. O Oscar de Melhor Actor Secundario foi atribuido, postumamente, a Heath Ledger.» [Texto completo aqui]
Do Roussille [aqui][...] «SEM COMENTÁRIOS, OS VENCEDORES»:
«Melhor Actriz Secundária:
Penélope Cruz (Vicky Cristina Barcelona)
Melhor Roteiro Original
Milk - A Voz da Igualdade
Melhor Roteiro Adaptado
Quem Quer Ser Um Milionário?
Melhor Filme de Animação
Wall-E
Melhor curta de animação
La Maison en Petits Cubes, de Kunio Kato
Melhor direcção de arte
O Curioso Caso de Benjamin Button
Melhor Figurino
A Duquesa (Michael O’Connor)
Melhor Maquiagem
O Curioso Caso de Benjamin Button (Greg Cannom)
Melhor fotografia
Quem quer ser um Milionário? (Anthony Dod Mantle)
Melhor curta-metragem
Spielzeugland (Toyland)
Melhor Actor Secundário
Heath Ledger ( Batman - O Cavaleiro das Trevas )
Melhor documentário
Man on Wire, de James Marsh e Simon Chinn
Melhor documentário em curta-metragem
Smile Pinki
Melhores efeitos especiais
O Curioso Caso de Benjamin Button (Eric Barba, Steve Preeg, Burt Dalton e Craig Barron)
Melhor edição de som
Batman - O Cavaleiro das Trevas (Richard King)
Melhor mistura de som
Quem quer Ser um Milionário? (Ian Tapp, Richard Pryke e Resul Pookutty)
Melhor edição
Quem quer ser um Milionário (Chris Dickens)
Melhor banda sonora original
A. R. Rahman (Quem Quer Ser um Milionário?)
Melhor canção original
Jai Ho (Slumdog Millionaire)
Melhor Filme Estrangeiro
Departures
Melhor Realizador
Quem Quer Ser Um Milionário?, Danny Boyle
Melhor Actriz
Kate Winslet ( O Leitor )
Melhor Actor
Sean Penn ( Milk - A Voz da Igualdade )
Melhor Filme
Quem quer ser um Milionário?»
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terça-feira, agosto 26, 2008
ANÁLISE À CHINA SOCIALISTA
«ELIAS JABBOUR* - OCIDENTE "NÃO TEM MORAL" PARA CRITICAR A CHINA
Por Diego Salmen, para o Terra Magazine
O mundo ocidental está desmoralizado para criticar os chineses, afirma Elias Jabbour, em entrevista publicada nesta sexta-feira pela revista eletrônica Terra Magazine, que o Vermelho reproduz abaixo.
Terra Magazine - Qual a importância dos Jogos Olímpicos para a China hoje? Eles podem contribuir para a democratização do país?
Elias Jabbour * - Para o brasileiro fica complicada falar em nação porque nós tivemos o processo de construção de identidade nacional iniciado em 1930 com Getúlio Vargas e abortado com a eleição do Collor em 1990. Tanto é que falar em nacionalismo uns tempos atrás pegava mal. Enquanto os chineses têm um processo de construção nacional de cinco mil anos, eles são muito nacionalistas. As Olimpíadas representam o seguinte para os chineses: "nós investimos, somos fortes e temos voz no mundo". Eles passaram 100 anos humilhados pelo mundo, então esse é um momento onde a China quer escancarar para o mundo o seu potencial. Mas, ao mesmo tempo, o mundo também escancara seu potencial contra a China. Eu acredito que isso não acelera a liberalização. Uma coisa é uma coisa é outra coisa é outra coisa.
Como definir a China de hoje?
A China é um país socialista, porque mantém o controle estatal no que é estratégico nas cadeias produtivas, ou seja, siderurgia, comunicações, infra-estrutura, energia. O estado toma conta do que tem grande grau de monopólio. E esse Estado tem uma composição de classes no poder que é totalmente diferente de qualquer país capitalista. Na China não há capitalistas no poder, vamos dizer assim. O Partido Comunista na China representa os interesses sobretudo de uma classe camponesa, que é mais de 60% da população do país. Por outro lado, o que caracteriza esse partido , além marxismo e essa coisa toda, é o cárater nacional desse partido. É um partido nacionalista. Ele abarca no seu programa tanto os interesses gerais da nação chinesa quanto a questão ideológica do socialismo, comunismo, etc.
Esse modelo de centralização política e liberalização econômica é responsável pela China ter tido um destino diferente da União Soviética?
Não, é diferente. A perestroika (NR: processo de reformas econômicas iniciado na década de 80 que resultou na dissolução da União Soviética em 1992) é uma volta atrás completa, de uma certa forma. Na China não. Primeiro porque a gente falar em ditadura política e liberalização econômica é meio complicado, porque há uma série de coisas que aconteceram nos últimos 30 anos que ninguém fala, né? Uma delas é poder entrar capitalistas no partido, a questão de acabar essa coisa de um líder ficar 50 anos no poder, como ficava antes. Hoje você tem gerações dirigentes de 10 anos, e com 70 anos de idade aquele cara que manda vai para a aposentadoria. Politicamente, muita coisa aconteceu. A Internet hoje é um instrumento de denúncia de corrupção na China que vem sendo utilizado pelo governo. O premiê Wen Jiabao pediu: "Pelo amor de Deus, acessem a internet e denunciem a corrupção aqui para nós".
Mas há a questão da censura...
É o seguinte: o país que mais controla a internet no mundo são os Estados Unidos, não a China. Hoje qualquer conteúdo de internet nos Estados Unidos é vigiado, muito conteúdo não é publicado e ninguém fala isso. Outra coisa: os americanos cassaram, no ano passado, 46 concessões de TV. A Venezuela cassou uma e foi aquela coisa que todo mundo viu. O ocidente, do ponto de vista da democratização e dos direitos humanos, está desmoralizado. Um país como a Inglaterra, que fez uma guerra contra a China para legalizar o consumo de drogas (NR: a chamada Guerra do Ópio, travada no século 19) , pode falar alguma coisa de direitos humanos para a China? A premiê alemã Angela Merkel disse que iria boicotar a abertura dos Jogos Olímpicos por causa da questão do Tibete; a Alemanha tem alguma moral para falar da China? Os imperadores alemães mandaram matar tudo quanto é chinês na ocupação da China no século passado. A história nos demonstra muitas verdades. O Ocidente é desmoralizado para dar lição de democracia para a China.
Se diz que na China o poder está nas mãos dos trabalhadores, mas há milhares de empresários, capitalistas, filiados ao Partido Comunista. A filiação de empresários é algo já institucionalizado no partido. O que garante que os empresários, sob essa óptica marxista, não vão assumir a hegemonia do partido e reverter essa situação? Não é contraditório?
A contradição é em termos, vamos dizer assim. O Partido Comunista da China expressa os interesses de toda a nação, e os capitalistas são parte dessa nação. A questão é a seguinte: os capitalistas têm poder ou não na China? Não tem poder, porque hoje eles são 0,003% do partido. Esse é um dado, e tem o outro lado da questão: esses empresários são resultado de que tipo de política e de qual tipo de partido? São resultado do Partido Comunista e tem de estar de acordo com esse partido. Não existe, no plano imediato - não vou falar do futuro porque não sou profeta (risos) -, a menor tendência de reversão de quadro, dos capitalistas terem poder. Esse partido tem condições de manter os capitalistas e o povo satisfeitos. De certa forma, os interesses deles são os mesmos, porque os capitalistas têm capacidade de empreendimento, que gera emprego, etc. Foi uma sacada política genial ter colocado os capitalistas debaixo desse guarda-chuva do Partido Comunista.
O que se dá com uma mão, tira com a outra...
Com certeza. Os capitalistas não têm grande poder de manobra naquele país, não tem uma política concreta. (a capacidade política dos empresários) É fraca. O que eles precisam? Eles precisam de crédito, ir no banco chinês, pegar um empréstimo rápido e fazer com que as coisas funcionem. É muito complicado para eles virar internamente o poder no Partido Comunista.
Uma parte da esquerda diz que na China não há o menor resquício de socialismo; outra acredita que o país está sob um processo de desenvolvimento de forças produtivas para, numa segunda etapa, dar um passo à frente rumo ao socialismo. Como o senhor analisa esses quadros distintos?
A primeira questão que tem se colocar é que o socialismo não é pobreza. Desde os clássicos, Marx, Engels, Lênin, o socialismo se desenvolve por etapas. Numa fase inicial é prevista a convivência entre público e privado, entre mercado e planejamento, ou seja, não é nenhuma surpresa o "socialismo de mercado" e a convivência de capitalistas num sistema socialista. O mercado foi uma conquista da humanidade. Até hoje ninguém inventou uma coisa melhor para distribuir produtos. Por outro lado, ele gera alienação. Ele só acaba com duas condições: objectivas, ou seja, tem que ter tudo para todo mundo, porque o mercado existe para mediar a escassez. Eu coloco em dúvida se o mercado vai acabar ainda, o Antônio Gramsci (NR: filósofo e fundador do Partido Comunista italiano) também coloca isso. É um falsa polêmica essa entre mercado e socialismo.
Por quê?
É uma categoria histórica. É igual falar que vai fazer o socialismo num país esclavagista, não tem cabimento. Tem que passar por etapas de desenvolvimento histórico para aquilo ser superado. O próprio desenvolvimento vira um dilema, porque o socialismo foi concebido para ser implementado no países mais desenvolvidos, onde há uma série de problemas que já foram solucionados pela Revolução Burguesa, como analfabetismo, reforma agrária, a industrialização. Isso não é tarefa do socialismo, é do capitalismo. Aí o socialismo teria que atender essa demanda das revoluções burguesas.
No seu livro China: Infra-estruturas e Crescimento Econômico, o senhor fala das Zonas Econômicas Especiais. Como elas funcionam? Qual a importância delas para a economia chinesa?
A China é uma reprodução em tamanho gigante dos modelos japoneses e sul-coreano. Eu costumo dizer que em 1978 (NR: ano em que o ex-líder chinês Deng Xiaoping iniciou as reformas econômicas no país) há uma fusão, entre o Estado revolucionário fundado por Mao Tsé-Tung com um modelo de Estado desenvolvimentista típico do sudeste asiático, de Hong Kong, Coreia do Sul, Taiwan. Essa política tem por objetivo acumular divisas para a modernização industrial do país. Com o acúmulo de divisas estrangeiras e a proteção de reservas cambiais, fica mais fácil ter uma política de juros atraente para o crédito. Hoje você compra um carro na China em 300 vezes, vamos dizer assim. Isso serve como plataforma de acúmulo de reservas cambiais e, por outro lado, como plataforma de acúmulo de tecnologia estrangeira.
Por meio de joint-ventures...
Exactamente. Tem ainda a questão política. As Zonas Econômicas Especiais foram centrais no retorno de Hong Kong e Macau a China. E no próprio retorno de Taiwan a China, porque você cria zonas de convergência econômica em que o capital de Taiwan e o chinês acabam ficando dependentes da China continental. Fica difícil você manter um discurso de independência quando o próprio povo de Taiwan depende do continente. Elas foram geograficamente criadas para puxar o capital de fora da China.
Na TV nós vemos uma China pujante, que não pára de crescer. Mas ainda existe uma enorme população rural que vive na miséria. O que é feito para combater esse problema? Existe, por exemplo, alguma rede de proteção social na China?
Primeiro: essa estratégia de desenvolver primeiro o litoral para depois desenvolver o interior do país foi uma grande jogada. Durante 25 anos a China acumulou capital e tecnologia no litoral; de 1999 para cá eles estão transferindo para o interior essa riqueza e extraindo de lá gás natural, petróleo, minérios. O que está acontecendo na China hoje talvez seja a maior transferência territorial de renda da história da humanidade.
E isso só é possível porque existe um governo centralizado...
Exactamente. Todo esse processo de desigualdade social está sendo abordado neste governo do presidente Hu Jintao. Daqui a 40 anos, a China vai ser um território econômico único, não vai haver mais esses bolsões de miséria e riqueza como existe hoje. Particularmente, eu acredito que a formação dessa economia continental vai ser o grande paradigma das relações internacionais do século XXI. Imagine a China daqui a 40 anos unificada territorialmente? Imagine os Estados Unidos há 150 anos quando unificaram economicamente seu território com a Marcha para o Oeste?
E a gente não pode ver o desenvolvimento econômico por si só como um mar de rosas. O desenvolvimento é um processo de solução de contradições que gera outras contradições. A China tem contradições muito sérias: a questão da desigualdade de renda, por exemplo. A principal missão do governo Hu Jintao é essa: diminuir esse gap entre o litoral e o interior e o gap de renda entre ricos e pobres. Para isso, eles estão investindo bilhões de dólares em assistência social. Antes não existia isso. A assistência social entrou em colapso no início das reformas econômicas, e agora estão investindo mais de US$ 200 bilhões na viabilização de uma política pública com aposentadoria, serviço de saúde, etc.
Existe alguma tendência de democratização na China?
Temos de analisar os processos da Coréia e do Japão, por exemplo. Foram países que se democratizaram concomitantemente ao desenvolvimento econômico. A China passa por um processo um tanto quanto acelerado de democratização interna. Hoje a China dá muita atenção às eleições nas aldeias, esse é o primeiro passo na direção da democracia: hoje as aldeias já elegem seus próprios representantes, independente de serem ou não do Partido Comunista. Isso de certa forma é a retomada da democracia milenar chinesa nas aldeias. Há três, quatro mil anos atrás existia nas aldeias chinesas um rito democrático que está sendo retomado hoje. Esse processo de democratização vai se dar com a hegemonia do Partido Comunista. Na medida em que ele atender os interesses dos camponeses, garantir crédito aos capitalistas, ele vai capitanear esse processo sem grandes traumas. No ritmo chinês, não no ritmo que os ocidentais querem. Até porque democracia é questão de formação social, não é um valor universal, é um valor que se adequa às diferentes formações sociais.
.
* Autor do livro China: Infra-estruturas e Crescimento Econômico, Jabbour é pesquisador do Instituto Brasileiro de Estudos da China, Ásia e Pacífico (IBECAP) e professor do Núcleo de Estudos Asiáticos (NEAS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atualmente, desenvolve tese de doutorado sobre a economia política do socialismo na China pela Universidade de São Paulo»
Por Diego Salmen, para o Terra Magazine
O mundo ocidental está desmoralizado para criticar os chineses, afirma Elias Jabbour, em entrevista publicada nesta sexta-feira pela revista eletrônica Terra Magazine, que o Vermelho reproduz abaixo.
Terra Magazine - Qual a importância dos Jogos Olímpicos para a China hoje? Eles podem contribuir para a democratização do país?
Elias Jabbour * - Para o brasileiro fica complicada falar em nação porque nós tivemos o processo de construção de identidade nacional iniciado em 1930 com Getúlio Vargas e abortado com a eleição do Collor em 1990. Tanto é que falar em nacionalismo uns tempos atrás pegava mal. Enquanto os chineses têm um processo de construção nacional de cinco mil anos, eles são muito nacionalistas. As Olimpíadas representam o seguinte para os chineses: "nós investimos, somos fortes e temos voz no mundo". Eles passaram 100 anos humilhados pelo mundo, então esse é um momento onde a China quer escancarar para o mundo o seu potencial. Mas, ao mesmo tempo, o mundo também escancara seu potencial contra a China. Eu acredito que isso não acelera a liberalização. Uma coisa é uma coisa é outra coisa é outra coisa.
Como definir a China de hoje?
A China é um país socialista, porque mantém o controle estatal no que é estratégico nas cadeias produtivas, ou seja, siderurgia, comunicações, infra-estrutura, energia. O estado toma conta do que tem grande grau de monopólio. E esse Estado tem uma composição de classes no poder que é totalmente diferente de qualquer país capitalista. Na China não há capitalistas no poder, vamos dizer assim. O Partido Comunista na China representa os interesses sobretudo de uma classe camponesa, que é mais de 60% da população do país. Por outro lado, o que caracteriza esse partido , além marxismo e essa coisa toda, é o cárater nacional desse partido. É um partido nacionalista. Ele abarca no seu programa tanto os interesses gerais da nação chinesa quanto a questão ideológica do socialismo, comunismo, etc.
Esse modelo de centralização política e liberalização econômica é responsável pela China ter tido um destino diferente da União Soviética?
Não, é diferente. A perestroika (NR: processo de reformas econômicas iniciado na década de 80 que resultou na dissolução da União Soviética em 1992) é uma volta atrás completa, de uma certa forma. Na China não. Primeiro porque a gente falar em ditadura política e liberalização econômica é meio complicado, porque há uma série de coisas que aconteceram nos últimos 30 anos que ninguém fala, né? Uma delas é poder entrar capitalistas no partido, a questão de acabar essa coisa de um líder ficar 50 anos no poder, como ficava antes. Hoje você tem gerações dirigentes de 10 anos, e com 70 anos de idade aquele cara que manda vai para a aposentadoria. Politicamente, muita coisa aconteceu. A Internet hoje é um instrumento de denúncia de corrupção na China que vem sendo utilizado pelo governo. O premiê Wen Jiabao pediu: "Pelo amor de Deus, acessem a internet e denunciem a corrupção aqui para nós".
Mas há a questão da censura...
É o seguinte: o país que mais controla a internet no mundo são os Estados Unidos, não a China. Hoje qualquer conteúdo de internet nos Estados Unidos é vigiado, muito conteúdo não é publicado e ninguém fala isso. Outra coisa: os americanos cassaram, no ano passado, 46 concessões de TV. A Venezuela cassou uma e foi aquela coisa que todo mundo viu. O ocidente, do ponto de vista da democratização e dos direitos humanos, está desmoralizado. Um país como a Inglaterra, que fez uma guerra contra a China para legalizar o consumo de drogas (NR: a chamada Guerra do Ópio, travada no século 19) , pode falar alguma coisa de direitos humanos para a China? A premiê alemã Angela Merkel disse que iria boicotar a abertura dos Jogos Olímpicos por causa da questão do Tibete; a Alemanha tem alguma moral para falar da China? Os imperadores alemães mandaram matar tudo quanto é chinês na ocupação da China no século passado. A história nos demonstra muitas verdades. O Ocidente é desmoralizado para dar lição de democracia para a China.
Se diz que na China o poder está nas mãos dos trabalhadores, mas há milhares de empresários, capitalistas, filiados ao Partido Comunista. A filiação de empresários é algo já institucionalizado no partido. O que garante que os empresários, sob essa óptica marxista, não vão assumir a hegemonia do partido e reverter essa situação? Não é contraditório?
A contradição é em termos, vamos dizer assim. O Partido Comunista da China expressa os interesses de toda a nação, e os capitalistas são parte dessa nação. A questão é a seguinte: os capitalistas têm poder ou não na China? Não tem poder, porque hoje eles são 0,003% do partido. Esse é um dado, e tem o outro lado da questão: esses empresários são resultado de que tipo de política e de qual tipo de partido? São resultado do Partido Comunista e tem de estar de acordo com esse partido. Não existe, no plano imediato - não vou falar do futuro porque não sou profeta (risos) -, a menor tendência de reversão de quadro, dos capitalistas terem poder. Esse partido tem condições de manter os capitalistas e o povo satisfeitos. De certa forma, os interesses deles são os mesmos, porque os capitalistas têm capacidade de empreendimento, que gera emprego, etc. Foi uma sacada política genial ter colocado os capitalistas debaixo desse guarda-chuva do Partido Comunista.
O que se dá com uma mão, tira com a outra...
Com certeza. Os capitalistas não têm grande poder de manobra naquele país, não tem uma política concreta. (a capacidade política dos empresários) É fraca. O que eles precisam? Eles precisam de crédito, ir no banco chinês, pegar um empréstimo rápido e fazer com que as coisas funcionem. É muito complicado para eles virar internamente o poder no Partido Comunista.
Uma parte da esquerda diz que na China não há o menor resquício de socialismo; outra acredita que o país está sob um processo de desenvolvimento de forças produtivas para, numa segunda etapa, dar um passo à frente rumo ao socialismo. Como o senhor analisa esses quadros distintos?
A primeira questão que tem se colocar é que o socialismo não é pobreza. Desde os clássicos, Marx, Engels, Lênin, o socialismo se desenvolve por etapas. Numa fase inicial é prevista a convivência entre público e privado, entre mercado e planejamento, ou seja, não é nenhuma surpresa o "socialismo de mercado" e a convivência de capitalistas num sistema socialista. O mercado foi uma conquista da humanidade. Até hoje ninguém inventou uma coisa melhor para distribuir produtos. Por outro lado, ele gera alienação. Ele só acaba com duas condições: objectivas, ou seja, tem que ter tudo para todo mundo, porque o mercado existe para mediar a escassez. Eu coloco em dúvida se o mercado vai acabar ainda, o Antônio Gramsci (NR: filósofo e fundador do Partido Comunista italiano) também coloca isso. É um falsa polêmica essa entre mercado e socialismo.
Por quê?
É uma categoria histórica. É igual falar que vai fazer o socialismo num país esclavagista, não tem cabimento. Tem que passar por etapas de desenvolvimento histórico para aquilo ser superado. O próprio desenvolvimento vira um dilema, porque o socialismo foi concebido para ser implementado no países mais desenvolvidos, onde há uma série de problemas que já foram solucionados pela Revolução Burguesa, como analfabetismo, reforma agrária, a industrialização. Isso não é tarefa do socialismo, é do capitalismo. Aí o socialismo teria que atender essa demanda das revoluções burguesas.
No seu livro China: Infra-estruturas e Crescimento Econômico, o senhor fala das Zonas Econômicas Especiais. Como elas funcionam? Qual a importância delas para a economia chinesa?
A China é uma reprodução em tamanho gigante dos modelos japoneses e sul-coreano. Eu costumo dizer que em 1978 (NR: ano em que o ex-líder chinês Deng Xiaoping iniciou as reformas econômicas no país) há uma fusão, entre o Estado revolucionário fundado por Mao Tsé-Tung com um modelo de Estado desenvolvimentista típico do sudeste asiático, de Hong Kong, Coreia do Sul, Taiwan. Essa política tem por objetivo acumular divisas para a modernização industrial do país. Com o acúmulo de divisas estrangeiras e a proteção de reservas cambiais, fica mais fácil ter uma política de juros atraente para o crédito. Hoje você compra um carro na China em 300 vezes, vamos dizer assim. Isso serve como plataforma de acúmulo de reservas cambiais e, por outro lado, como plataforma de acúmulo de tecnologia estrangeira.
Por meio de joint-ventures...
Exactamente. Tem ainda a questão política. As Zonas Econômicas Especiais foram centrais no retorno de Hong Kong e Macau a China. E no próprio retorno de Taiwan a China, porque você cria zonas de convergência econômica em que o capital de Taiwan e o chinês acabam ficando dependentes da China continental. Fica difícil você manter um discurso de independência quando o próprio povo de Taiwan depende do continente. Elas foram geograficamente criadas para puxar o capital de fora da China.
Na TV nós vemos uma China pujante, que não pára de crescer. Mas ainda existe uma enorme população rural que vive na miséria. O que é feito para combater esse problema? Existe, por exemplo, alguma rede de proteção social na China?
Primeiro: essa estratégia de desenvolver primeiro o litoral para depois desenvolver o interior do país foi uma grande jogada. Durante 25 anos a China acumulou capital e tecnologia no litoral; de 1999 para cá eles estão transferindo para o interior essa riqueza e extraindo de lá gás natural, petróleo, minérios. O que está acontecendo na China hoje talvez seja a maior transferência territorial de renda da história da humanidade.
E isso só é possível porque existe um governo centralizado...
Exactamente. Todo esse processo de desigualdade social está sendo abordado neste governo do presidente Hu Jintao. Daqui a 40 anos, a China vai ser um território econômico único, não vai haver mais esses bolsões de miséria e riqueza como existe hoje. Particularmente, eu acredito que a formação dessa economia continental vai ser o grande paradigma das relações internacionais do século XXI. Imagine a China daqui a 40 anos unificada territorialmente? Imagine os Estados Unidos há 150 anos quando unificaram economicamente seu território com a Marcha para o Oeste?
E a gente não pode ver o desenvolvimento econômico por si só como um mar de rosas. O desenvolvimento é um processo de solução de contradições que gera outras contradições. A China tem contradições muito sérias: a questão da desigualdade de renda, por exemplo. A principal missão do governo Hu Jintao é essa: diminuir esse gap entre o litoral e o interior e o gap de renda entre ricos e pobres. Para isso, eles estão investindo bilhões de dólares em assistência social. Antes não existia isso. A assistência social entrou em colapso no início das reformas econômicas, e agora estão investindo mais de US$ 200 bilhões na viabilização de uma política pública com aposentadoria, serviço de saúde, etc.
Existe alguma tendência de democratização na China?
Temos de analisar os processos da Coréia e do Japão, por exemplo. Foram países que se democratizaram concomitantemente ao desenvolvimento econômico. A China passa por um processo um tanto quanto acelerado de democratização interna. Hoje a China dá muita atenção às eleições nas aldeias, esse é o primeiro passo na direção da democracia: hoje as aldeias já elegem seus próprios representantes, independente de serem ou não do Partido Comunista. Isso de certa forma é a retomada da democracia milenar chinesa nas aldeias. Há três, quatro mil anos atrás existia nas aldeias chinesas um rito democrático que está sendo retomado hoje. Esse processo de democratização vai se dar com a hegemonia do Partido Comunista. Na medida em que ele atender os interesses dos camponeses, garantir crédito aos capitalistas, ele vai capitanear esse processo sem grandes traumas. No ritmo chinês, não no ritmo que os ocidentais querem. Até porque democracia é questão de formação social, não é um valor universal, é um valor que se adequa às diferentes formações sociais.
.
* Autor do livro China: Infra-estruturas e Crescimento Econômico, Jabbour é pesquisador do Instituto Brasileiro de Estudos da China, Ásia e Pacífico (IBECAP) e professor do Núcleo de Estudos Asiáticos (NEAS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atualmente, desenvolve tese de doutorado sobre a economia política do socialismo na China pela Universidade de São Paulo»
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sábado, junho 07, 2008
O BALUARTE DA RESISTÊNCIA
Talvez dos últimos redutos da resistência às imposições comerciais: eis a RADAR 97.8 fm, disponível para o mero utilizador de internet, aqui. Ondas Hertzianas da RADAR, só mesmo em Lisboa.

A cereja no topo do bolo é VIRIATO 25 o Baluarte da Resistência pelo Último dos Moicanos, António Sérgio. A.S., o apóstolo português mais próximo de Cristo redentor da indie (alternativa).

A cereja no topo do bolo é VIRIATO 25 o Baluarte da Resistência pelo Último dos Moicanos, António Sérgio. A.S., o apóstolo português mais próximo de Cristo redentor da indie (alternativa).
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Viriato 25
OS MELHORES DA 1ª 1/2 DE 2008
SANTOGOLD - L.E.S. ARTISTES
JN, DN, BLITZ, já muita gente escreve sobre SantoGold. Mas antes disso já eu lá estava. SantoGold, presentemente quem mais me inspira ... confiança!
THE PRESETS - THIS BOY'S IN LOVE
A variante electronic da indie.
THE KILLERS - MR. BRIGHTSIDE (REMIX)
Antes de se tornar clássico eis o REMIX. Um versão de 8 min e 47 seg, lindíssima!
Entretanto, para quem tiver curiosidade, segue a ligação da minha última playlist.
JN, DN, BLITZ, já muita gente escreve sobre SantoGold. Mas antes disso já eu lá estava. SantoGold, presentemente quem mais me inspira ... confiança!
THE PRESETS - THIS BOY'S IN LOVE
A variante electronic da indie.
THE KILLERS - MR. BRIGHTSIDE (REMIX)
Antes de se tornar clássico eis o REMIX. Um versão de 8 min e 47 seg, lindíssima!
Entretanto, para quem tiver curiosidade, segue a ligação da minha última playlist.
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sexta-feira, fevereiro 08, 2008
segunda-feira, dezembro 31, 2007
OS MELHORES DE 2007
A BANDA QUE MAIS INSPIROU OUTRA BANDAS - 2007
A MELHOR BANDA DO MUNDO E ARREDORES - 2007
A MELHOR MÚSICA DO MUNDO E ARREDORES - 2007
A MELHOR MÚSICA DO MUNDO E ARREDORES - 2007 - TAMBÉM
A MÚSICA MAIS INOVADORA DO MUNDO E ARREDORES - 2007
A MÚSICA MAIS INOVADORA DO MUNDO E ARREDORES - 2007 - TAMBÉM
Esqueçam o video e ouçam a música!!
A MELHOR MÚSICA DO MUNDO E ARREDORES - 2007 - POP
A MELHOR MÚSICA DO MUNDO E ARREDORES - 2007 - POP EM PORTUGUÊS
A MÚSICA MAIS REVOLUCIONÁRIA DE TODOS OS TEMPOS
A MELHOR BANDA DO MUNDO E ARREDORES - 2007
A MELHOR MÚSICA DO MUNDO E ARREDORES - 2007
A MELHOR MÚSICA DO MUNDO E ARREDORES - 2007 - TAMBÉM
A MÚSICA MAIS INOVADORA DO MUNDO E ARREDORES - 2007
A MÚSICA MAIS INOVADORA DO MUNDO E ARREDORES - 2007 - TAMBÉM
Esqueçam o video e ouçam a música!!
A MELHOR MÚSICA DO MUNDO E ARREDORES - 2007 - POP
A MELHOR MÚSICA DO MUNDO E ARREDORES - 2007 - POP EM PORTUGUÊS
A MÚSICA MAIS REVOLUCIONÁRIA DE TODOS OS TEMPOS
quinta-feira, outubro 04, 2007
NOVO E BOM CORAÇÃO DE DICK CHENEY
O título da notícia é "New Heart Device Allows Cheney To Experience Love", quem o escreve é o "Onion", um jornal de créditos firmados entre os média NORTE AMERICANOS.
A notícia começa assim, «WASHINGTON, DC—Recovering from minor heart surgery Sunday, Vice President Dick Cheney stunned both the medical and political establishments when he mysteriously began to experience love for the first time in his life, sources reported Tuesday.», pois é, uma pequena cirurgia ao coração tornou possível o amor a Dick Cheney. As imagens são contudentes.


Apesar desta mudança de graça, súbita e milagrosa, os médicos afirmam que esta condição não deve ser mantida durante muito tempo. O seu coração ulcerado, negro, tolhido e definhado não vai aguentar a esta massiva dose de amor.
«Despite his miraculous turnaround, doctors are calling Cheney's condition unstable and, if left untreated, possibly fatal. On Friday, Cheney will return to George Washington University Hospital to have the defibrillator removed, as it is feared that prolonged exposure to love could overwhelm his already shrunken and ulcerated black heart.»
Testemunhos e detalhes [aqui], [no Onion].
A notícia começa assim, «WASHINGTON, DC—Recovering from minor heart surgery Sunday, Vice President Dick Cheney stunned both the medical and political establishments when he mysteriously began to experience love for the first time in his life, sources reported Tuesday.», pois é, uma pequena cirurgia ao coração tornou possível o amor a Dick Cheney. As imagens são contudentes.


Apesar desta mudança de graça, súbita e milagrosa, os médicos afirmam que esta condição não deve ser mantida durante muito tempo. O seu coração ulcerado, negro, tolhido e definhado não vai aguentar a esta massiva dose de amor.
«Despite his miraculous turnaround, doctors are calling Cheney's condition unstable and, if left untreated, possibly fatal. On Friday, Cheney will return to George Washington University Hospital to have the defibrillator removed, as it is feared that prolonged exposure to love could overwhelm his already shrunken and ulcerated black heart.»
Testemunhos e detalhes [aqui], [no Onion].
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sábado, setembro 29, 2007
MULHER DE AÇO
Dedico este post quem me lembrou que, Vanessa Fernandes foi:
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Beijing (CHI);
.: Campeã do Mundo de Triatlo Elite Feminina - Hamburgo (GER).
Este post será completo por uma ligação ao sítio multimédia da RTP, o qual, contém uma entrevista simples e intima a esta nossa campeã solitária. O programa chama-se GRANDE ENTREVISTA, e conduzido por Judite de Sousa [Link].
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Beijing (CHI);
.: Campeã do Mundo de Triatlo Elite Feminina - Hamburgo (GER).
Este post será completo por uma ligação ao sítio multimédia da RTP, o qual, contém uma entrevista simples e intima a esta nossa campeã solitária. O programa chama-se GRANDE ENTREVISTA, e conduzido por Judite de Sousa [Link].
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Vanessa Fernandes
M.I.A. - Paper Planes
A rapper activista do SRI-LANKA, por diversas vezes censurada nos Estados Unidos da América.
"Paper Planes", uma das minhas canções favoritas do momento, um hino gangster, um refrão único e aterrador:
«All I wanna do is … Bang bang bang bang!!!
And … kaaaaa ciiiing!!
And take your money»
MOSTRA DE CINEMA PORTUGUÊS EM CUBA
Começou com "Cinco Dias Cinco Noches", o filme que retrata uma experiência biográfica de Álvaro Cunhal e realizado por José Fonseca e Costa.
Mas também serão projectados filmes como «"Vuelvo a casa", de Manoel de Oliveira, y "Ganar la vida", de Joao Canijo» [Aqui].
Mas também serão projectados filmes como «"Vuelvo a casa", de Manoel de Oliveira, y "Ganar la vida", de Joao Canijo» [Aqui].
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segunda-feira, agosto 27, 2007
DO NELSU PARA O NELSON
Vencer sabe sempre bem, mas vencer sem contar então é que sabe. Fantástico, Nelson Évora. DO NELSU PARA O NELSON esta singela homenagem.

Mais um registo português: «Evora wins triple jump | Eurosport | Mon, Aug 27, 14:28
Portuguese youngster Nelson Evora wins the men's triple jump with a jump of 17.74m. Jadel Gregorio of Brazil takes silver, American Walter Davis bronze.»[Eurosport] Mais um registo em português [Aqui - TSF]

Mais um registo português: «Evora wins triple jump | Eurosport | Mon, Aug 27, 14:28
Portuguese youngster Nelson Evora wins the men's triple jump with a jump of 17.74m. Jadel Gregorio of Brazil takes silver, American Walter Davis bronze.»[Eurosport] Mais um registo em português [Aqui - TSF]
quarta-feira, agosto 15, 2007
ELPIDIO VALDÉS
«Elpidio Valdés es un personaje de dibujos animados e historietas cubano. Fue creado por el padre de la animación cubana Juan Padrón. Elpidio Valdés es un mambí que lucha por la liberación de su patria del yugo opresor español, y representa a los campesinos cubanos que en el siglo XIX se unieron a esclavos, y algunos terratenientes para formar el Ejército Libertador.» [Wikipedia]
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sexta-feira, agosto 03, 2007
2007 HIPNOSE DE VERÃO
Por um verão “refrescantemente” quente, hipnoses fotográficas, musicais, “blogosféricas”, cinematográfica, e “literárias” salvo seja.
2007 HIPNOSE DE VERÃO - Fotografia
As divas do cinema constituem o calendário Pirelli 2007: Lou Doillon, Naomi Watts, Penélope Cruz, Sophia Loren, Hillary Swank. Fotografado por Inez van Lamsweerde e Vinoodh Matadin.
Saliente-se o vigor físico da jovem septuagenária Sophia Loren. À data desta sessão fotográfica contava com 71.
2007 HIPNOSE DE VERÃO – Música
Música – Os sons alternativos cada vez mais “mainstream”. As melodias não mudaram, são as pessoas que estão mudar.
All My Friends, tema dos “LCD Sound System”, [do meu ponto de vista] prepara-se para ser o tema do anO2007. Constituinte do Álbum “Sounds of Silver”, já tem duas versões, e ambas fabulosas. Uma dos “Franz Ferdinand”, outra do ilustre “John Cale”.
[Já falei desta musica aqui]
Versão original [ver e ouvir]
Versão Franz Ferdinand [ver e ouvir]
Versão John Cale, ainda ninguém a disponibilizou no YouTube.
Depois a energia revigorante desta melodia “Bad Sun” dos “Bravery”.
[Aqui, o som encontra-se com alguma qualidade, mas com imagem estática].
Seguem os rapazes ao vivo:
Nela sinto alegria a transbordar por todo o lado. Bem, seguem algumas das minhas eleitas para a temporada:
Yeah Yeah Yeah's - Cheated Hearts [ver e ouvir]
Cut Copy – Hearts On Fire [ver e ouvir]
Cansei de Ser Sexy – Acho Um Pouco Bom [ver e ouvir]
Yeah Yeah Yeahs – Sealings [ver e ouvir]
The National - Fake Empire [ver e ouvir]
Klaxons - It's Not Over Yet [ver e ouvir]
Editors – Bones [ver e ouvir]
The Sunshine Underground [ver e ouvir]
Gogol Bordello - Lela Pale Tute [ver e ouvir]
Joakim – Lonely Hearts [ver e ouvir]
Arcade Fire – No Cars Go [ver e ouvir]
Digitalism – Pogo [ver e ouvir]
Au Revoir Simone - Sad Song [ver e ouvir]
Spoon's - The Ghost of You Lingers [ver e ouvir]
Interpol – No I In Threesome [ver e ouvir]
New Young Pony Club – The Bomb [ver e ouvir]
Yeah Yeah Yeahs – Kiss Kiss [ver e ouvir]
All My Friends, tema dos “LCD Sound System”, [do meu ponto de vista] prepara-se para ser o tema do anO2007. Constituinte do Álbum “Sounds of Silver”, já tem duas versões, e ambas fabulosas. Uma dos “Franz Ferdinand”, outra do ilustre “John Cale”.
[Já falei desta musica aqui]
Versão original [ver e ouvir]
Versão Franz Ferdinand [ver e ouvir]
Versão John Cale, ainda ninguém a disponibilizou no YouTube.
Depois a energia revigorante desta melodia “Bad Sun” dos “Bravery”.
[Aqui, o som encontra-se com alguma qualidade, mas com imagem estática].
Seguem os rapazes ao vivo:
Nela sinto alegria a transbordar por todo o lado. Bem, seguem algumas das minhas eleitas para a temporada:
Yeah Yeah Yeah's - Cheated Hearts [ver e ouvir]
Cut Copy – Hearts On Fire [ver e ouvir]
Cansei de Ser Sexy – Acho Um Pouco Bom [ver e ouvir]
Yeah Yeah Yeahs – Sealings [ver e ouvir]
The National - Fake Empire [ver e ouvir]
Klaxons - It's Not Over Yet [ver e ouvir]
Editors – Bones [ver e ouvir]
The Sunshine Underground [ver e ouvir]
Gogol Bordello - Lela Pale Tute [ver e ouvir]
Joakim – Lonely Hearts [ver e ouvir]
Arcade Fire – No Cars Go [ver e ouvir]
Digitalism – Pogo [ver e ouvir]
Au Revoir Simone - Sad Song [ver e ouvir]
Spoon's - The Ghost of You Lingers [ver e ouvir]
Interpol – No I In Threesome [ver e ouvir]
New Young Pony Club – The Bomb [ver e ouvir]
Yeah Yeah Yeahs – Kiss Kiss [ver e ouvir]
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2007 HIPNOSE DE VERÃO – Weblogs
À cata de polémica sobre a “obra” recentemente lançada por Zita Seabra, encontrei três blogs que enchem me as medidas. Eles são “5Dias” de Nuno Ramos de Almeida, Joana Amaral Dias, etc, “Papéis de Alexandria” onde participa Vítor Dias e “O Tempo das Cerejas” da autoria do próprio VD.
2007 HIPNOSE DE VERÃO – Leitura, “Literaturas”
No jornal AVANTE leio, um artigo com algum tempinho “Em Memória da Comuna” e ainda sobre ZS “A Grande Rota da Dissidente”.
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2007 HIPNOSE DE VERÃO – “Películas”
Vejo um excerto de uma realização de Frank Piasecki Poulsen e uma produção … adivinhe-se de quem? Lars von Trier. Este documentário denomina-se como “La Guerrillera”. Um pedaço da sinopse: «Escondido en la profundidad de la selva colombiana se encuentra un campo de entrenamiento de las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC). El director danés Frank P. Poulsen y su equipo cruzaron la frontera clandestinamente y lograron llegar a este campamento móvil para documentar la preparación de Isabel, de 21 años, para luchar contra el régimen. » [Pode-se ver parte do documentário aqui], [e toda a sinopse, aqui].
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quarta-feira, agosto 01, 2007
O BOM NOME DE UM BENEMÉRITO
Jacinto Leite Capelo Rego, é pelo menos simpatizante da nossa Democracia Cristã, fala-se em concreto do CDS-PP. Ora leia-se esta crónica de Ferreira Fernandes: «Em 2004, o CDS meteu um milhão de euros numa conta bancária em seu nome. Acção meritória, como já foi assinalado por Paulo Portas: quem não teme, deposita. Mas um milhão é conta calada e a PJ foi tentar pô-la a dar com a língua nos dentes: conta, donde vieste tu? O CDS explicou: da benemerência dos seus militantes. Não é próprio de (democratas-)cristãos dar a quem precisa? Mas a PJ, que é laica, insistiu: tá bem, militantes, mas quem? Aí, o CDS estendeu uma lista com quatro mil recibos.
Infelizmente, a PJ é contumaz na desconfiança. Pôs-se a ler os nomes nos recibos. E descobriu um: "Jacinto Leite Capelo Rego." É um nome como qualquer outro, mas a PJ, na sua sanha persecutória, pôs-se a ler o nome com pronúncia brasileira (abrindo as vogais). E com esse indício inventou uma cabala, em que os doadores seriam falsos e os recibos forjados para esconder uma verdadeira doação do Grupo Espírito Santo ao CDS, quando do caso Portucale. Na altura, o CDS estava no Governo e tal doação, a ter sido feita, faria suspeitar de pagamento por um favor ilegal.
Eu não acredito. Eu acredito na existência, mesmo, de um militante do CDS chamado Jacinto Leite Capelo Rego. Há anos, o jornal A Folha de São Paulo fez uma lista de nomes esquisitos brasileiros e encontrou um "Jacinto Leite Aquino Rego". Deve ser um primo emigrante do militante democrata-cristão. A PJ diz que não. Diz que dois funcionários do CDS, tendo de arranjar quatro mil nomes, inventaram o acima nomeado Jacinto. Assim, os dois funcionários ficaram arguidos no processo-crime "Portucale". Lembro: já há tempos dois procuradores arquivaram o caso agora reactivado. Um dos procuradores chamava-se Auristela Hermengarda. O que só prova que o caso Portucale atrai nomes esquisitos, embora legítimos.
Para mim, é natural que no CDS haja alguém chamado Jacinto Leite Capelo Rego. Afinal, o PSD tem um presidente da Câmara, em Mafra, chamado José Ministro dos Santos, o PS, em Cuba, tem Francisco Galinha Orelha e a CDU, em Sesimbra, Augusto Carapinha Pólvora. Agora, PJ, vai investigar outros partidos com nomes esquisitos?
Em todo o caso, a PJ não explica o que levaria dois funcionários do CDS a inventar um nome daqueles. Dar uma pista? Então, assinavam José Espírito Santo de Orelha. Inspiraram-se na lista da Folha de São Paulo? Pouco provável. No CDS, que é pela família, mais depressa copiavam outro nome da lista: Himineu Casamentício das Dores Conjugais. Ou, sendo pelo capitalismo: Chevrolet da Silva Ford. Ou, sendo católicos: José Padre Nosso. Naaaa... Jacinto Leite Capelo Leite existe mesmo. Apareça e desfaça este equívoco.»[Aqui],[no DN].
Infelizmente, a PJ é contumaz na desconfiança. Pôs-se a ler os nomes nos recibos. E descobriu um: "Jacinto Leite Capelo Rego." É um nome como qualquer outro, mas a PJ, na sua sanha persecutória, pôs-se a ler o nome com pronúncia brasileira (abrindo as vogais). E com esse indício inventou uma cabala, em que os doadores seriam falsos e os recibos forjados para esconder uma verdadeira doação do Grupo Espírito Santo ao CDS, quando do caso Portucale. Na altura, o CDS estava no Governo e tal doação, a ter sido feita, faria suspeitar de pagamento por um favor ilegal.
Eu não acredito. Eu acredito na existência, mesmo, de um militante do CDS chamado Jacinto Leite Capelo Rego. Há anos, o jornal A Folha de São Paulo fez uma lista de nomes esquisitos brasileiros e encontrou um "Jacinto Leite Aquino Rego". Deve ser um primo emigrante do militante democrata-cristão. A PJ diz que não. Diz que dois funcionários do CDS, tendo de arranjar quatro mil nomes, inventaram o acima nomeado Jacinto. Assim, os dois funcionários ficaram arguidos no processo-crime "Portucale". Lembro: já há tempos dois procuradores arquivaram o caso agora reactivado. Um dos procuradores chamava-se Auristela Hermengarda. O que só prova que o caso Portucale atrai nomes esquisitos, embora legítimos.
Para mim, é natural que no CDS haja alguém chamado Jacinto Leite Capelo Rego. Afinal, o PSD tem um presidente da Câmara, em Mafra, chamado José Ministro dos Santos, o PS, em Cuba, tem Francisco Galinha Orelha e a CDU, em Sesimbra, Augusto Carapinha Pólvora. Agora, PJ, vai investigar outros partidos com nomes esquisitos?
Em todo o caso, a PJ não explica o que levaria dois funcionários do CDS a inventar um nome daqueles. Dar uma pista? Então, assinavam José Espírito Santo de Orelha. Inspiraram-se na lista da Folha de São Paulo? Pouco provável. No CDS, que é pela família, mais depressa copiavam outro nome da lista: Himineu Casamentício das Dores Conjugais. Ou, sendo pelo capitalismo: Chevrolet da Silva Ford. Ou, sendo católicos: José Padre Nosso. Naaaa... Jacinto Leite Capelo Leite existe mesmo. Apareça e desfaça este equívoco.»[Aqui],[no DN].
quinta-feira, julho 05, 2007
MICHAEL MOORE'S - SICKO
Como podem verificar Michael Moore descobriu o unico local do território dos Estados Unidos da América que tem assistencia médica universal é ... GUATANAMO. Ver em SICKO.
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Sistema de Saúde Americano
domingo, junho 24, 2007
PETIÇÃO CONTRA AS DEMOLIÇÕES NA BAIXA DE COIMBRA
Porque estudei em Coimbra, porque a identidade da baixa de Coimbra e por conseguinte da cidade de Coimbra e, por conseguinte do país está ser sujeita aos interesses imobiliários, ou seja, à falta de criatividade autárquica (e talvez não só) para resolver os problemas do passivo, sugiro a leitura desta petição e se for suficientemente esclarecedora, assine-a.
sexta-feira, junho 08, 2007
2 X 1X 2
Duas bandas, uma música, duas versões, tudo excelente. [BLITZ]

«Franz Ferdinand fazem versão de LCD Soundsystem
Banda apresenta remistura para "All My Friends".
Os Franz Ferdinand acabam de gravar uma versão da música "All My Friends", dos LCD Soundsystem.
Ambas as versões foram as melhores revelações dos últimos tempos.
Em entrevista à revista Mojo, o vocalista Franz Ferdinand explica que o convite veio do mentor daquele projecto, James Murphy.
"Há tantas bandas que pedem a tipos como o James para fazer remisturas das suas músicas, porque não fazer o contrário?", diz o líder dos Franz Ferdinand, que trabalharam no tema com a ajuda do DJ Erol Alkan.
"As remisturas deviam ser sempre brutas e desrespeitosas", defende Alex Kapranos. "As nossas versões mudam sempre por completo os originais, quase até ficarem irreconhecíveis".
A versão dos Franz Ferdinand e de Erol Alkan para "All My Friends" faz parte do single "All My Friends", editado no final deste mês. Alguns formatos incluem uma versão de John Cale para a mesma música, e outros ainda uma versão dos LCD Soundsystem para "No Love Lost" dos Joy Division.»

«Franz Ferdinand fazem versão de LCD Soundsystem
Banda apresenta remistura para "All My Friends".
Os Franz Ferdinand acabam de gravar uma versão da música "All My Friends", dos LCD Soundsystem.
Ambas as versões foram as melhores revelações dos últimos tempos.
Em entrevista à revista Mojo, o vocalista Franz Ferdinand explica que o convite veio do mentor daquele projecto, James Murphy.
"Há tantas bandas que pedem a tipos como o James para fazer remisturas das suas músicas, porque não fazer o contrário?", diz o líder dos Franz Ferdinand, que trabalharam no tema com a ajuda do DJ Erol Alkan.
"As remisturas deviam ser sempre brutas e desrespeitosas", defende Alex Kapranos. "As nossas versões mudam sempre por completo os originais, quase até ficarem irreconhecíveis".
A versão dos Franz Ferdinand e de Erol Alkan para "All My Friends" faz parte do single "All My Friends", editado no final deste mês. Alguns formatos incluem uma versão de John Cale para a mesma música, e outros ainda uma versão dos LCD Soundsystem para "No Love Lost" dos Joy Division.»
sábado, janeiro 27, 2007
EH PÁ TALVEZ, VAMOS LÁ VER, A QUESTÃO NÃO É ASSIM TÃO SIMPLES ... mas SIM os argumentos parecem fortes!!
Alguém me enviou por mail esta mensagem.
«É uma enorme hipocrisia afirmar que o Sim significa liberalizar o aborto.
O aborto clandestino é que significa a sua total liberalização: pratica-se em qualquer lado e em qualquer circunstância, sem aconselhamento médico, sem apoio em planeamento familiar e alimentando, entretanto, um negócio altamente lucrativo.»
«É uma enorme hipocrisia afirmar que o Sim significa liberalizar o aborto.
O aborto clandestino é que significa a sua total liberalização: pratica-se em qualquer lado e em qualquer circunstância, sem aconselhamento médico, sem apoio em planeamento familiar e alimentando, entretanto, um negócio altamente lucrativo.»
quarta-feira, janeiro 10, 2007
EUROVISÃO 2007 - MORRISSEY?
Talvez valha a pena assistir ao festival Eurovisão 2007, ou talvez não? Bem, surpresa das surpresas é o convite efectuado a Morrissey para defender as cores da "Union Jack" no Festival da Eurovisão, claro está, endereçado pela BBC.
A obra deste cantor e compositor começa com os Smiths, e para já ele segue numa carreira a solo. Compôs e compõe melodias POP, embora muitas delas vagueiem na fronteira da música ligeira, ou seja, para ele não será dificil compor uma canção que encaixe neste certame.
Sempre foi idolatrado pelo seu trabalho, mas também pela sua personalidade controversa, e o produto da sua criatividade reflete isso mesmo. Desde que compõe letras para a banda que o transformou numa figura pública, "The Smiths", os temas escolhidos por si têm sido sempre "ligeiros", como por exemplo: o abuso sexual infantil, a homossexualidade, a marginalidade, a prostituição, o racismo, a violência doméstica, o abuso de drogas, o suícidio, o terrorismo e até o protesto político. O título do album "The Queen Is Dead" é uma clara provocação à Família Real Inglesa e a canção "Margaret in the Guillotine" valeu a "visita" da polícia Britânica ao seu "Lar doce Lar", porque o seu alvo era a Dama de Ferro, Margaret Tatcher.
Assim é a vida de Steven Patrick Morrissey, admirador incondicional de Oscar Wilde.
O que pensarão os seus acérrimos fãs sobre a possibilidade da incursão de Morrissey ao Festival da Eurovisão?
Daqui chegou a minha surpresa: «A notícia vem da BBC: Morrissey poderá vir a ser o representante de Inglaterra no Festival Eurovisão da Canção.
A BBC encontra-se em conversações com o ex-Smiths que, caso aceite participar, terá de escrever e interpretar o tema.
Este convite acontece depois de Morrissey se ter mostrado horrorizado, mas não surpreso, com o 5º lugar, a partir do fim, conseguido pela Inglaterra, na última edição do festival.
Um porta - voz da editora do músico confirmou que Morrissey recebeu o convite mas que ainda não se decidiu. [Antena 3]»
A obra deste cantor e compositor começa com os Smiths, e para já ele segue numa carreira a solo. Compôs e compõe melodias POP, embora muitas delas vagueiem na fronteira da música ligeira, ou seja, para ele não será dificil compor uma canção que encaixe neste certame.
Sempre foi idolatrado pelo seu trabalho, mas também pela sua personalidade controversa, e o produto da sua criatividade reflete isso mesmo. Desde que compõe letras para a banda que o transformou numa figura pública, "The Smiths", os temas escolhidos por si têm sido sempre "ligeiros", como por exemplo: o abuso sexual infantil, a homossexualidade, a marginalidade, a prostituição, o racismo, a violência doméstica, o abuso de drogas, o suícidio, o terrorismo e até o protesto político. O título do album "The Queen Is Dead" é uma clara provocação à Família Real Inglesa e a canção "Margaret in the Guillotine" valeu a "visita" da polícia Britânica ao seu "Lar doce Lar", porque o seu alvo era a Dama de Ferro, Margaret Tatcher.
Assim é a vida de Steven Patrick Morrissey, admirador incondicional de Oscar Wilde.
O que pensarão os seus acérrimos fãs sobre a possibilidade da incursão de Morrissey ao Festival da Eurovisão?
Daqui chegou a minha surpresa: «A notícia vem da BBC: Morrissey poderá vir a ser o representante de Inglaterra no Festival Eurovisão da Canção.
A BBC encontra-se em conversações com o ex-Smiths que, caso aceite participar, terá de escrever e interpretar o tema.
Este convite acontece depois de Morrissey se ter mostrado horrorizado, mas não surpreso, com o 5º lugar, a partir do fim, conseguido pela Inglaterra, na última edição do festival.
Um porta - voz da editora do músico confirmou que Morrissey recebeu o convite mas que ainda não se decidiu. [Antena 3]»
BATALHA DE HEMISFÉRIOS
Uma entrevista com dois teóricos progressistas a propósito da actual conjuntura política e social da América Latina. Segundo Noam Chomsky e Eduardo Galeano, aos poucos as Américas do Sul e do Centro aliviam-se do cerco comercial, económico, e politico dos países Norte Americanos, personificados pelo FMI, entre outros.
Interessante:
«Eduardo Galeano, escritor e pensador uruguaio, e Noam Chomsky, professor do Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT) responderam a um questionário enviado pela BBC Mundo, em Dezembro de 2006, sobre os Estados Unidos e as mudanças políticas na América Latina.
Do site brasileiro Carta Maior, transcrevemos as perguntas da BBC e as respostas de Galeano e Chomsky.
1. Em que medida é um desafio para Washington a chegada ao poder na América Latina de figuras como Evo Morales?
Eduardo Galeano - Haverá quem diga, na Casa Branca: "A democracia dá-nos desgostos. O voto popular é uma arma a mais no arsenal do terrorismo." "Até quando continuaremos a aguentar, de braços cruzados, estas provocações?"
Noam Chomsky - É um desafio extremamente sério, particularmente porque tem lugar junto a outras duas mudanças no hemisfério. Desde a Venezuela à Argentina, os países da região estão a escapar do controlo dos Estados Unidos e a mover-se na direcção de políticas independentes e de integração económica. Estão a começar a reverter os padrões de dependência de potências estrangeiras e o isolamento entre si que data da época da conquista espanhola.
A eleição de Evo Morales reflecte o ingresso da população indígena no cenário político do continente, em Chiapas, da Bolívia ao Equador e em outros lugares, onde se escutam os apelos a uma "nação indígena".
Juntamente com outras forças populares, os povos indígenas estão a exigir o controlo dos seus próprios recursos, o que representa uma séria ameaça para os planos de Washington de ter acesso aos recursos do hemisfério ocidental, especialmente os energéticos. Isto é especialmente certo na Bolívia, que tem as maiores reservas de gás da região depois da Venezuela.
As transformações na região são em parte uma reacção ao efeito desastroso das políticas neoliberais durante 25 anos pelas instituições financeiras internacionais dominadas pelos EUA. Não é um segredo, nem para os economistas, nem para as populações dos países em questão, que naquelas nações que seguiram as recomendações daquelas instituições (como se fez na América Latina) houve uma acentuada queda no crescimento e no progresso em matéria de indicadores sociais. Isto em comparação com períodos anteriores e - de forma dramática - em contraste com países que ignoraram essas recomendações, notavelmente no Sudeste asiático, que implementou políticas mais próximas às que possibilitaram o desenvolvimento dos países ricos.
A Bolívia tinha seguido rigorosamente as regras das instituições financeiras internacionais - excepto quando a revolta obrigou a deixá-las de lado - e sofreu uma queda no seu rendimento per capita, como assinalou recentemente o economista Mark Weisbrot.
A Argentina - há alguns anos a criança modelo do FMI [Fundo Monetário Internacional] - sofreu um colapso desastroso e em seguida recuperou mediante a violação das regras das instituições financeiras internacionais, não satisfazendo a Washington ou ao capital internacional.
A Argentina está a pagar agora quase mil milhões de dólares para "se libertar para sempre" do FMI que, nas palavras do presidente argentino Néstor Kirchner, "agiu com o nosso país como um promotor e um veículo que causaram a pobreza e a dor dos argentinos".
A Argentina foi ajudada pela Venezuela, que comprou grande parte da dívida argentina e também vendeu petróleo a preço baixo. A recente entrada da Venezuela no Mercosul foi descrita por Kirchner como um "marco" no desenvolvimento do bloco e foi qualificada pelo presidente Lula do Brasil como "um novo capítulo na nossa integração".
Num encontro convocado para marcar o ingresso da Venezuela, o presidente Chávez disse que "não podemos permitir um projecto puramente económico, para as elites e as transnacionais", referindo-se ao Acordo de Livre Comércio para as Américas, Alca, o projecto promovido por Washington que suscitou grande oposição da opinião pública.
A Venezuela e outros países na região estão a aumentar os laços económicos com a China e com a União Europeia.
Está-se a dar também em termos mais amplos uma integração Sul-Sul (especialmente com o Brasil, a Índia e a África do Sul). Tudo isto preocupa profundamente Washington.
2. Tornou-se irrelevante para os EUA que cada vez mais governos da região sejam de esquerda?
EG - Há alguns sinais de que se dá o contrário. Está a ser cada vez mais irrelevante para a região que os EUA opinem sobre os governos que elegemos.
NC - Pelo contrário. É um problema sério para Washington, um desafio aos princípios básicos da doutrina de Monroe formulada há 180 anos. Os EUA não tiveram o poder para implementar essa doutrina no hemisfério até à Segunda Guerra Mundial, mas desde aquele momento o fizeram por meios que vão da extrema violência aos controles económicos. Estes meios, no entanto, já não estão disponíveis, como aprenderam tristemente os estrategas do presidente Bush quando apoiaram a falida tentativa de golpe na Venezuela em 2002.
Estes meios de dominação vêem-se, no entanto, corroídos pela tendência à integração das economias da região, pela diversificação das relações internacionais, pela busca do controle dos recursos nacionais e a rejeição das receitas das instituições internacionais.
Tudo isto causou muitas dores de cabeça a Washington, que reagiu. Sob a duvidosa cobertura da "guerra contra o narcotráfico" e da "guerra contra o terror", Washington incrementou mais a ajuda militar e policial que a social e económica. O treino de tropas latino-americanas aumentou claramente. O Comando do Sul (SouthCom) tem agora mais pessoal na América Latina do que a maioria das agências federais civil somadas e o seu foco são o "populismo radical" e outros assuntos internos.
O treino militar passou das mãos do Departamento de Estado para o Pentágono (Departamento de Defesa), ficando liberto do que era pelo menos uma supervisão mínima por parte do Congresso em matéria de direitos humanos e em relação à democracia.
Os EUA estão a estabelecer bases militares ao longo de todo o hemisfério. Mas os meios tradicionais de subversão, de intervenção militar e de controlo económico debilitaram-se seriamente.
3. Os EUA continuam sendo, como alguns acreditam, o império todo-poderoso e factor crucial no destino económico ou político da região?
EG - "A lebre faz o caçador", diz um velho provérbio italiano. É o olhar do fraco que faz todo-poderoso ao poderoso. Quem todo-poderoso? Nem os deuses, menos ainda os homens. Lembro-me de um grafite numa parede de Santiago do Chile: "Todos os deuses foram imortais."
NC - Os EUA nunca foram "todo-poderosos" e menos ainda agora. Apesar disso, ainda dominam o continente e o mundo, certamente em termos de poder militar.
Mesmo com a evolução de uma ordem económica tripolar nas décadas recentes (América do Norte, Europa, Nordeste Asiático com crescentes vínculos com o resto da Ásia), e com as mudanças no Sul, a dominação económica dos Estados Unidos nem sequer se aproxima do que foi no passado e, de fato, é bastante frágil.
Um olhar a fundo sobre este tema requereria, no entanto, uma análise mais profunda do que queremos dizer com "Estados Unidos". Se nos referimos à população norte-americana, a dominação é menor. Mas se nos referimos aos que de fato são os donos do país, o sistema corporativo, o panorama é diferente.
Mas o famoso "défice da balança comercial" dos Estados Unidos diminui consideravelmente quando consideramos as importações de multinacionais dos EUA e suas subsidiárias no exterior como exportações norte-americanas, o que é apropriado se identificamos o país com os que em grande medida são mesmo donos dele.
4. A América Latina será ainda menos prioritária para os EUA devido à guerra no Iraque e a outros acontecimentos de maior importância para Washington?
EG - Que eles fiquem com as coisas deles, para nós trata-se de perder o medo. A cultura da impotência, triste herança colonial, ainda ata as nossas mãos. Continuamos a aceitar que nos façam exames, que nos digam o que se pode e o que não se pode... Lembro-me de uma assembleia operária, nas minas da Bolívia, há um tempinho, mais de trinta anos: uma mulher levantou-se, entre todos os homens, e perguntou qual é o nosso inimigo principal. Ouviram-se vozes que responderam "O imperialismo", "A oligarquia", "A burocracia"... E ela, Doitila Chungara, esclareceu: "Não, companheiros. O nosso inimigo principal é o medo e nós o levamos dentro de nós". Eu tive a sorte de ouvi-la dizer isso. E nunca mais me esqueci.
NC - Suspeito que a América Latina estará muito em cima na lista de prioridades dos EUA. Enquanto a América Latina era silenciosa e obediente, parece haver sido ignorada pelos EUA. Digo "parece", porque na realidade, a sua subordinação parecia segura e as políticas para a região eram desenhadas com base nisso.
Esta postura de aparente negligência em relação à região mudou rapidamente quando houve sinais de independência. Recordemos que a extrema hostilidade dos EUA com Cuba desde 1959 é atribuída em documentos internos ao "desafio com sucesso" por parte de Cuba em relação a políticas dos EUA que remontam à Doutrina Monroe.
O desafio é intolerável por si, porém mais ainda quando, como no caso de Cuba, se teme que o sucesso desse desenvolvimento independente possa ser um "exemplo contagioso" que "infecte" outros, parafraseando termos utilizados por Kissinger ao se referir ao Chile de Allende. Kissinger temia que o Chile pudesse inclusive "infectar" o sul da Europa, uma preocupação que compartilhava com Leonid Brejnev.
Além disso, como disse, os estrategas de Washington deram por estabelecido que poderiam contar com os ricos recursos da América Latina, em especial em matéria energética, Mesmo nos prognósticos mais prudentes, pode-se dizer que não renunciariam a estes recursos com equanimidade.
5. Para além das declarações e diferenças entre Washington e presidentes como Hugo Chavez, outras ferramentas são muito mais importantes no jogo do poder? São mais importantes hoje outros mecanismos de pressão como o fecho de mercados ou a modificação de tarifas aduaneiras?
EG - A máquina usa muitos dentes. A máquina abre a boca e mostra os dentes financeiros, políticos, jornalísticos, militares... Se não assusta, não funciona.
Chomsky - A integração económica internacional é de enorme relevância, mas não devemos cair em apreciações erradas que são frequentes. Os mecanismos desenvolvidos e impostos pelos EUA e seus aliados não são "tratados de livre comércio".
São uma mistura de liberalização e proteccionismo desenhada - não surpreendentemente - de acordo com o interesse dos seus criadores: as corporações multinacionais e os Estados que estão ao seu serviço como "ferramentas e tiranos", para utilizar a expressão com que James Madison descreveu o surgimento do capitalismo de Estado no seu início.
Os acordos comerciais garantem amplamente o direito de fixar preços de monopólio. Privam também aos países em desenvolvimento dos mecanismos que empregaram as sociedades industrializadas ricas para alcançar o seu estado actual. Além disso, o que se chama de "comércio" é em parte uma ficção económica, que inclui vastas transferências infra-firmas dentro das economias ricas, que não constituem mais "comércio" que o do Kremlin quando produzia componentes em Leningrado, transportava-os para a Polónia para a sua montagem e em seguida devolvia-os para a sua venda para Moscou, numa "exportação" e "importação" que atravessava fronteiras formais.
Mesmo deixando tudo isso de lado, as economias dos países ricos, e especialmente a dos EUA, dependem em grande medida do dinâmico sector estatal para socializar o custo e o risco e privatizar os lucros.
E os acordos apenas se podem chamar "acordos", pelo menos se consideramos o povo como parte essencial destas sociedades. Estes acordos, impostos praticamente em segredo, têm sido tremendamente impopulares, na medida em que o povo foi conhecendo o seu conteúdo...
No Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), as únicas palavras certas são "América do Norte". No entanto, a eficácia destes mecanismos depende em ultima instância da aceitação pública, e como ficou em evidência recentemente na América Latina, essa aceitação está longe de estar garantida.» [Fonte, esquerda.net]
Interessante:
«Eduardo Galeano, escritor e pensador uruguaio, e Noam Chomsky, professor do Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT) responderam a um questionário enviado pela BBC Mundo, em Dezembro de 2006, sobre os Estados Unidos e as mudanças políticas na América Latina.
Do site brasileiro Carta Maior, transcrevemos as perguntas da BBC e as respostas de Galeano e Chomsky.
1. Em que medida é um desafio para Washington a chegada ao poder na América Latina de figuras como Evo Morales?
Eduardo Galeano - Haverá quem diga, na Casa Branca: "A democracia dá-nos desgostos. O voto popular é uma arma a mais no arsenal do terrorismo." "Até quando continuaremos a aguentar, de braços cruzados, estas provocações?"
Noam Chomsky - É um desafio extremamente sério, particularmente porque tem lugar junto a outras duas mudanças no hemisfério. Desde a Venezuela à Argentina, os países da região estão a escapar do controlo dos Estados Unidos e a mover-se na direcção de políticas independentes e de integração económica. Estão a começar a reverter os padrões de dependência de potências estrangeiras e o isolamento entre si que data da época da conquista espanhola.
A eleição de Evo Morales reflecte o ingresso da população indígena no cenário político do continente, em Chiapas, da Bolívia ao Equador e em outros lugares, onde se escutam os apelos a uma "nação indígena".
Juntamente com outras forças populares, os povos indígenas estão a exigir o controlo dos seus próprios recursos, o que representa uma séria ameaça para os planos de Washington de ter acesso aos recursos do hemisfério ocidental, especialmente os energéticos. Isto é especialmente certo na Bolívia, que tem as maiores reservas de gás da região depois da Venezuela.
As transformações na região são em parte uma reacção ao efeito desastroso das políticas neoliberais durante 25 anos pelas instituições financeiras internacionais dominadas pelos EUA. Não é um segredo, nem para os economistas, nem para as populações dos países em questão, que naquelas nações que seguiram as recomendações daquelas instituições (como se fez na América Latina) houve uma acentuada queda no crescimento e no progresso em matéria de indicadores sociais. Isto em comparação com períodos anteriores e - de forma dramática - em contraste com países que ignoraram essas recomendações, notavelmente no Sudeste asiático, que implementou políticas mais próximas às que possibilitaram o desenvolvimento dos países ricos.
A Bolívia tinha seguido rigorosamente as regras das instituições financeiras internacionais - excepto quando a revolta obrigou a deixá-las de lado - e sofreu uma queda no seu rendimento per capita, como assinalou recentemente o economista Mark Weisbrot.
A Argentina - há alguns anos a criança modelo do FMI [Fundo Monetário Internacional] - sofreu um colapso desastroso e em seguida recuperou mediante a violação das regras das instituições financeiras internacionais, não satisfazendo a Washington ou ao capital internacional.
A Argentina está a pagar agora quase mil milhões de dólares para "se libertar para sempre" do FMI que, nas palavras do presidente argentino Néstor Kirchner, "agiu com o nosso país como um promotor e um veículo que causaram a pobreza e a dor dos argentinos".
A Argentina foi ajudada pela Venezuela, que comprou grande parte da dívida argentina e também vendeu petróleo a preço baixo. A recente entrada da Venezuela no Mercosul foi descrita por Kirchner como um "marco" no desenvolvimento do bloco e foi qualificada pelo presidente Lula do Brasil como "um novo capítulo na nossa integração".
Num encontro convocado para marcar o ingresso da Venezuela, o presidente Chávez disse que "não podemos permitir um projecto puramente económico, para as elites e as transnacionais", referindo-se ao Acordo de Livre Comércio para as Américas, Alca, o projecto promovido por Washington que suscitou grande oposição da opinião pública.
A Venezuela e outros países na região estão a aumentar os laços económicos com a China e com a União Europeia.
Está-se a dar também em termos mais amplos uma integração Sul-Sul (especialmente com o Brasil, a Índia e a África do Sul). Tudo isto preocupa profundamente Washington.
2. Tornou-se irrelevante para os EUA que cada vez mais governos da região sejam de esquerda?
EG - Há alguns sinais de que se dá o contrário. Está a ser cada vez mais irrelevante para a região que os EUA opinem sobre os governos que elegemos.
NC - Pelo contrário. É um problema sério para Washington, um desafio aos princípios básicos da doutrina de Monroe formulada há 180 anos. Os EUA não tiveram o poder para implementar essa doutrina no hemisfério até à Segunda Guerra Mundial, mas desde aquele momento o fizeram por meios que vão da extrema violência aos controles económicos. Estes meios, no entanto, já não estão disponíveis, como aprenderam tristemente os estrategas do presidente Bush quando apoiaram a falida tentativa de golpe na Venezuela em 2002.
Estes meios de dominação vêem-se, no entanto, corroídos pela tendência à integração das economias da região, pela diversificação das relações internacionais, pela busca do controle dos recursos nacionais e a rejeição das receitas das instituições internacionais.
Tudo isto causou muitas dores de cabeça a Washington, que reagiu. Sob a duvidosa cobertura da "guerra contra o narcotráfico" e da "guerra contra o terror", Washington incrementou mais a ajuda militar e policial que a social e económica. O treino de tropas latino-americanas aumentou claramente. O Comando do Sul (SouthCom) tem agora mais pessoal na América Latina do que a maioria das agências federais civil somadas e o seu foco são o "populismo radical" e outros assuntos internos.
O treino militar passou das mãos do Departamento de Estado para o Pentágono (Departamento de Defesa), ficando liberto do que era pelo menos uma supervisão mínima por parte do Congresso em matéria de direitos humanos e em relação à democracia.
Os EUA estão a estabelecer bases militares ao longo de todo o hemisfério. Mas os meios tradicionais de subversão, de intervenção militar e de controlo económico debilitaram-se seriamente.
3. Os EUA continuam sendo, como alguns acreditam, o império todo-poderoso e factor crucial no destino económico ou político da região?
EG - "A lebre faz o caçador", diz um velho provérbio italiano. É o olhar do fraco que faz todo-poderoso ao poderoso. Quem todo-poderoso? Nem os deuses, menos ainda os homens. Lembro-me de um grafite numa parede de Santiago do Chile: "Todos os deuses foram imortais."
NC - Os EUA nunca foram "todo-poderosos" e menos ainda agora. Apesar disso, ainda dominam o continente e o mundo, certamente em termos de poder militar.
Mesmo com a evolução de uma ordem económica tripolar nas décadas recentes (América do Norte, Europa, Nordeste Asiático com crescentes vínculos com o resto da Ásia), e com as mudanças no Sul, a dominação económica dos Estados Unidos nem sequer se aproxima do que foi no passado e, de fato, é bastante frágil.
Um olhar a fundo sobre este tema requereria, no entanto, uma análise mais profunda do que queremos dizer com "Estados Unidos". Se nos referimos à população norte-americana, a dominação é menor. Mas se nos referimos aos que de fato são os donos do país, o sistema corporativo, o panorama é diferente.
Mas o famoso "défice da balança comercial" dos Estados Unidos diminui consideravelmente quando consideramos as importações de multinacionais dos EUA e suas subsidiárias no exterior como exportações norte-americanas, o que é apropriado se identificamos o país com os que em grande medida são mesmo donos dele.
4. A América Latina será ainda menos prioritária para os EUA devido à guerra no Iraque e a outros acontecimentos de maior importância para Washington?
EG - Que eles fiquem com as coisas deles, para nós trata-se de perder o medo. A cultura da impotência, triste herança colonial, ainda ata as nossas mãos. Continuamos a aceitar que nos façam exames, que nos digam o que se pode e o que não se pode... Lembro-me de uma assembleia operária, nas minas da Bolívia, há um tempinho, mais de trinta anos: uma mulher levantou-se, entre todos os homens, e perguntou qual é o nosso inimigo principal. Ouviram-se vozes que responderam "O imperialismo", "A oligarquia", "A burocracia"... E ela, Doitila Chungara, esclareceu: "Não, companheiros. O nosso inimigo principal é o medo e nós o levamos dentro de nós". Eu tive a sorte de ouvi-la dizer isso. E nunca mais me esqueci.
NC - Suspeito que a América Latina estará muito em cima na lista de prioridades dos EUA. Enquanto a América Latina era silenciosa e obediente, parece haver sido ignorada pelos EUA. Digo "parece", porque na realidade, a sua subordinação parecia segura e as políticas para a região eram desenhadas com base nisso.
Esta postura de aparente negligência em relação à região mudou rapidamente quando houve sinais de independência. Recordemos que a extrema hostilidade dos EUA com Cuba desde 1959 é atribuída em documentos internos ao "desafio com sucesso" por parte de Cuba em relação a políticas dos EUA que remontam à Doutrina Monroe.
O desafio é intolerável por si, porém mais ainda quando, como no caso de Cuba, se teme que o sucesso desse desenvolvimento independente possa ser um "exemplo contagioso" que "infecte" outros, parafraseando termos utilizados por Kissinger ao se referir ao Chile de Allende. Kissinger temia que o Chile pudesse inclusive "infectar" o sul da Europa, uma preocupação que compartilhava com Leonid Brejnev.
Além disso, como disse, os estrategas de Washington deram por estabelecido que poderiam contar com os ricos recursos da América Latina, em especial em matéria energética, Mesmo nos prognósticos mais prudentes, pode-se dizer que não renunciariam a estes recursos com equanimidade.
5. Para além das declarações e diferenças entre Washington e presidentes como Hugo Chavez, outras ferramentas são muito mais importantes no jogo do poder? São mais importantes hoje outros mecanismos de pressão como o fecho de mercados ou a modificação de tarifas aduaneiras?
EG - A máquina usa muitos dentes. A máquina abre a boca e mostra os dentes financeiros, políticos, jornalísticos, militares... Se não assusta, não funciona.
Chomsky - A integração económica internacional é de enorme relevância, mas não devemos cair em apreciações erradas que são frequentes. Os mecanismos desenvolvidos e impostos pelos EUA e seus aliados não são "tratados de livre comércio".
São uma mistura de liberalização e proteccionismo desenhada - não surpreendentemente - de acordo com o interesse dos seus criadores: as corporações multinacionais e os Estados que estão ao seu serviço como "ferramentas e tiranos", para utilizar a expressão com que James Madison descreveu o surgimento do capitalismo de Estado no seu início.
Os acordos comerciais garantem amplamente o direito de fixar preços de monopólio. Privam também aos países em desenvolvimento dos mecanismos que empregaram as sociedades industrializadas ricas para alcançar o seu estado actual. Além disso, o que se chama de "comércio" é em parte uma ficção económica, que inclui vastas transferências infra-firmas dentro das economias ricas, que não constituem mais "comércio" que o do Kremlin quando produzia componentes em Leningrado, transportava-os para a Polónia para a sua montagem e em seguida devolvia-os para a sua venda para Moscou, numa "exportação" e "importação" que atravessava fronteiras formais.
Mesmo deixando tudo isso de lado, as economias dos países ricos, e especialmente a dos EUA, dependem em grande medida do dinâmico sector estatal para socializar o custo e o risco e privatizar os lucros.
E os acordos apenas se podem chamar "acordos", pelo menos se consideramos o povo como parte essencial destas sociedades. Estes acordos, impostos praticamente em segredo, têm sido tremendamente impopulares, na medida em que o povo foi conhecendo o seu conteúdo...
No Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), as únicas palavras certas são "América do Norte". No entanto, a eficácia destes mecanismos depende em ultima instância da aceitação pública, e como ficou em evidência recentemente na América Latina, essa aceitação está longe de estar garantida.» [Fonte, esquerda.net]
terça-feira, janeiro 09, 2007
TODA A IMAGINAÇÃO
Toda a imaginação vale quando o nosso posto de trabalho está em causa. «Ovar: Proposto ao Grupo Amorim absorver 300 empregados da Yazaki.» [Em JN de 09-01-2007] Mas quem propôs?
segunda-feira, janeiro 08, 2007
INFELICIDADE
Agora um post sobre infelicidade, que não é mais do que o reflexo dos acontecimentos de ontem no Estádio do Dragão. Não me refiro à infelicidade da maioria dos espectadores que se encontravam no Estádio das Antas, mas da minha infelicidade ao verificar que o meu Benfica não fez melhor que o Atlético, mas fiquei feliz com o resultado. E o resultado foi este.
domingo, janeiro 07, 2007
FELICIDADE
Foi interessante ouvir Paula Moura Pinheiro no seu Camara Clara e João Pereira Coutinho falarem de felicidade, onde num juizo moral e intelectual afirmaram o engodo da "felicidade plena", prometida pelos sistemas políticos utópicos, dado que facilmente caiem ou cairam no contraditório e estabelecem ou estabeleceram o oposto.
Enternecedor e até comovente foi assitir às expressões cândidas de PMP e JPC, quando a primeira lê um excerto da Declaração de Independência do Estados Unidos da América de 1776, cujo o autor foi Thomas Jefferson: «Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade»
Porém contradições das contradições, paradoxos dos paradoxos, incompatibilidades das incompatibilidades encontro-as aqui, através da seguinte redacção, «PARECE PARADOXAL que Thomas Jefferson, um dos eternos heróis da democracia norte-americana, fosse também o proprietário de mais de 180 escravos exatamente à época em que proclamava que todos os homens foram criados iguais e foram "dotados por seu Criador" com os "direitos inalienáveis" à "vida, liberdade e à busca da felicidade". Além disso, ao longo da existência ele continuou afirmando que a escravidão era injusta e imoral. Em 1785 usara a frase "avareza e opressão" para caracterizar o interesse escravista e a contrastara com o "direito sagrado" à emancipação. Um ano depois, admirava-se ao constatar que patriotas norte-americanos que haviam suportado castigos físicos, fome e prisão nas mãos de seus opressores britânicos pudessem infligir "em seus semelhantes um cativeiro uma hora do qual produz mais infelicidade do que séculos daquele cativeiro contra o qual se insurgiram e combateram". No último ano de vida, Jefferson reiterou sua crença de que era ilegal "um homem apropriar-se para seu uso das faculdades de outro sem seu consentimento"».
Quase que me apetecia citar Fernando Pessa na sua imensa sabedoria ...
Enternecedor e até comovente foi assitir às expressões cândidas de PMP e JPC, quando a primeira lê um excerto da Declaração de Independência do Estados Unidos da América de 1776, cujo o autor foi Thomas Jefferson: «Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade»
Porém contradições das contradições, paradoxos dos paradoxos, incompatibilidades das incompatibilidades encontro-as aqui, através da seguinte redacção, «PARECE PARADOXAL que Thomas Jefferson, um dos eternos heróis da democracia norte-americana, fosse também o proprietário de mais de 180 escravos exatamente à época em que proclamava que todos os homens foram criados iguais e foram "dotados por seu Criador" com os "direitos inalienáveis" à "vida, liberdade e à busca da felicidade". Além disso, ao longo da existência ele continuou afirmando que a escravidão era injusta e imoral. Em 1785 usara a frase "avareza e opressão" para caracterizar o interesse escravista e a contrastara com o "direito sagrado" à emancipação. Um ano depois, admirava-se ao constatar que patriotas norte-americanos que haviam suportado castigos físicos, fome e prisão nas mãos de seus opressores britânicos pudessem infligir "em seus semelhantes um cativeiro uma hora do qual produz mais infelicidade do que séculos daquele cativeiro contra o qual se insurgiram e combateram". No último ano de vida, Jefferson reiterou sua crença de que era ilegal "um homem apropriar-se para seu uso das faculdades de outro sem seu consentimento"».
Quase que me apetecia citar Fernando Pessa na sua imensa sabedoria ...
segunda-feira, dezembro 25, 2006
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