terça-feira, abril 20, 2004

GUERRILHEIROS DAS PALAVRAS - II

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Foi, juntamente com José Afonso, o iniciador do movimento de renovação da música em Portugal que ficaria conhecido como "balada". Adriano será um dos criadores da nova matriz que domina criativamente a partir de meados da década de sessenta.
É ele mesmo que, consciente da importância do que estava a nascer, afirma à Flama, em Julho de 1969 "O que eu pretendo fazer é, honestamente, tentar um caminho, que não seja o único, de renovar a música portuguesa, dando às pessoas algo mais que as "chachadas" alienatórias que por aí se cantam."
Sem formação musical específica, Adriano Correia de Oliveira interpretou, contudo, algumas das mais importantes canções contemporâneas, entre as quais aquela que mais o celebrizou, Trova do Vento que Passa.
De personalidade exigente e rigorosa, Adriano cantou os melhores poetas (ele é, por exemplo, o grande intérprete de Manuel Alegre). Eleitos os poemas, seguia-se um exaustivo trabalho de composição ("Algumas das melodias que canto foram duramente construídas").
O seu "corpo grande, desenvolto, metido numas calças e num camisolão" ficou conhecido de todo o país na primeira emissão do Zip-Zip. É imediatamente convidado para fazer um TV Clube, que dedicava cada emissão a um único intérprete. Apresentou oito canções, sendo uma censurada. Recusou fazer o programa.
É, aliás, assinalável a intransigência com que enfrentou a Censura e os diversos poderes do anterior regime.
Determinante na formação de toda uma geração de compositores e intérpretes, Adriano Correia de Oliveira empenhou-se no combate político e cultural, antes e depois do 25 de Abril, até à sua morte, em 1982. Permanece como um dos artistas mais importantes da segunda metade deste século.



MARCOS PRINCIPAIS DA CARREIRA:

1959 Vai para Coimbra, estudar Direito. Liga-se aos meios fadistas da Academia.
1960 Primeiro disco: o EP Noites de Coimbra. Seguem-se outros três EP's. Estes quatro trabalhos são reeditados em 1973, no álbum Fados de Coimbra.
1964 Viagem a Paris. Conhece Luís Cília. Envolve-se cada vez mais no combate político.
1967 Grava, com o seu nome no título genérico, o álbum hoje disponível como Trova do Vento Que Passa.
1969 É editado O Canto e as Armas, álbum quase todo dedicado à poesia de Manuel Alegre.
1970 Sai Cantaremos, com o histórico tema Cantar de Emigração.
1971 Inteiramente musicado por José Niza, é editado o célebre álbum Gente de Aqui e de Agora.
1975 Sobre poemas de Manuuel da Fonseca, edita Que Nunca Mais. Desenvolve intensa actividade de agitação política e de animação cultural.
1979 É fundador da cooperativa Cantarabril, de onde é obrigado a sair dois anos depois, num processo que lhe causou bastante sofrimento.
1980 Edita Cantigas Portuguesas. 1982 Morre aos 40 anos.

Obrigado a estes e aqueles !

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