sexta-feira, abril 23, 2004

GUERRILHEIROS DAS PALAVRAS - V

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Sérgio Godinho nasceu em 1945, no Porto. Com apenas 18 anos de idade parte para o estrangeiro. Primeiro destino: Suiça, onde estuda psicologia durante dois anos. Mais tarde muda-se para França. Vive o Maio de 68 na capital francesa. No ano seguinte integra a produção francesa do musical "Hair", onde se mantém por dois anos. Em Paris priva com outros músicos portugueses, como Luís Cília e José Mário Branco. Sérgio Godinho ensaiava então as suas primeiras composições, na altura em francês.
Em 1971 participa no álbum de estreia a solo de José MárioBranco, "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades", como músico e como autor de quatro letras. É ainda neste ano que Sérgio faz a sua estreia discográfica, com o seu primeiro longa-duração, "Os Sobreviventes", e com a edição do EP "Romance de Um Dia na Estrada". Recebe o prémio da Imprensa para "Melhor Autor do Ano" e, no ano seguinte, com "Sobreviventes" - que três dias após a sua edição é interditado, depois autorizado, depois novamente interditado - é eleito "Melhor Disco do Ano".
Em 1972, Sérgio apresenta um novo álbum, "Pré-Histórias", que inclui um dos temas mais emblemáticos da sua carreira: "A Noite Passada". Volta a colaborar como letrista no segundo álbum de José Mário Branco, "Margem de Certa Maneira". No ano seguinte, muda-se para o Canadá, onde integra a companhia de teatro Genesis. É neste país que Sérgio recebe a notícia do 25 de Abril. Regressa a Portugal. Já no nosso país edita o terceiro álbum de originais: "À Queima-Roupa".
Em 1975 participa, com José Mário Branco e Fausto, na banda sonora do filme de Luís Galvão Teles, "A Confederação". No ano seguinte escreve a canção-tema do filme de José Fonseca e Costa "Os Demónios de Alcácer Quibir", onde participa como actor. Este tema viria a ser incluído no seu novo álbum, "De Pequenino se Torce o Destino" (1976).
Em 1977 volta a colaborar num filme. Desta vez, com dois temas na banda sonora de "Nós Por Cá Todos Bem", realizado por Fernando Lopes. O seu quinto álbum de originais, "Pano-Crú", é editado no ano seguinte. Novo ano (1979), novo álbum: "Campolide", que viria a ser premiado com o "Prémio da Crítica Música & Som" para melhor album de música portuguesa desse ano.
Em 1980 Sérgio volta a colaborar com o realizador José Fonseca e Costa, desta vez no clássico do cinema português, "Kilas, o Mau da Fita". O álbum com a banda sonora do filme é editado nesse mesmo ano. "Canto da Boca", novo álbum de originais, é também editado em 80, tendo recebido o prémio de "Melhor Disco Potuguês ddo Ano", atribuído pela Casa da Imprensa e, ainda, o Sete de Ouro para o "Melhor Cantor Português do Ano".
Em Setembro de 1983 edita "Coincidências". Neste álbum conta com a participação de nomes grandes da música brasileira como Ivan Lins, Milton Nascimento e Chico Buarque. Um ano mais tarde, Sérgio Godinho regressa com "Salão de Festas", de onde emergem os temas "Quimera do Ouro" e "Coro das Velhas".
Em Julho de 1985, coincidindo com os concertos nos Coliseus de Lisboa e do Porto sob o título "Era Uma Vez Um Rapaz", edita um duplo álbum retrospectivo da sua carreira, com o mesmo nome. Ao todo são 19 temas gravados entre 1971 e 1984, a que se junta o inédito "Guerra e Paz".
Em 1986 compõe o tema "Dor d’Alma", interpretado por Anamar, para o filme de José Nascimento "Reporter X". Sérgio viria a incluí-lo no seu próximo álbum, "Na Vida Real", editado em 1987. Em 1988 surge o disco com o título "Sérgio Godinho Canta Com os Amigos de Gaspar", que inclui as canções escritas para a série infantil "Os Amigos de Gaspar", da RTP. 1989 é o ano de "Aos Amores", primeiro álbum de Sérgio para a EMI-Valentim de Carvalho, que viria a vencer o Prémio José Afonso, instituído pela Câmara Municipal da Amadora.
Em Abril de 1990 inicia uma série de concertos sob o título "Escritor de Canções", no Auditório do Instituto Franco-Português, em Lisboa. Este espectáculo sobe 20 vezes à cena, no período de um mês, dirigido por Ricardo Pais e com direcção musical de Manuel Faria, dos Trovante. Meses mais tarde, "Escritor de Canções" resulta num duplo álbum. Após apresentação de "Escritor de Canções" em Macau, Bombaim e Goa no início do ano de 1991, a RTP exibe a série "Luz na Sombra", seis programas sobre as profissões menos visíveis do mundo da música, com autoria e apresentação de Sérgio Godinho.
Em 1993 edita "Tinta Permanente" em que colaboram Teresa Salgueiro (Madredeus), Filipa Pais (Lua Extravagante), Dora e Sandra Fidalgo (Delfins). No fim do ano apresenta o concerto "A Face Visível " no Teatro Rivoli, no Porto e Teatro Municipal de São Luís, em Lisboa. "Tinta Permanente" recebe o Prémio José Afonso de 1994 relativo ao melhor álbum de música portuguesa do ano. Ainda em 1994 actua no Coliseu de Lisboa num concerto com direcção musical de João Paulo Esteves da Silva e em que participam os Sitiados, Jorge Palma e Filipa Pais.
No fim de 1995 - após participar no projecto "Espanta Espíritos" no tema "Apenas um Irmão", em dueto com Pacman (Da Weasel) e o rapper Boss AC - é editado o álbum ao vivo "Noites Passadas - O Melhor de Sérgio Godinho ao Vivo", com gravações dos concertos realizados no São Luís, em 1993 e no Coliseu de Lisboa, em 1994. Em Março de 1996 actua no Ritz Club com Manuel Faria no piano e Ricardo Rocha na guitarra portuguesa. Em Maio, volta aos concertos no Coliseu do Porto.
Em Fevereiro de 1997 Sérgio inicia as gravações de "Domingo no Mundo" tendo sido editado em 2 de Junho desse mesmo ano. A sua edição constituiu - e continua a constituir - êxito assinalável, especialmente nas suas apresentações em público.

Tudo começou assim:



Biografia "roubada" daqui

LIBERDADE

Viemos com o peso do passado e da semente
esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente

Vivemos tantos anos a falar pela calada
só se pode querer tudo quando não se teve nada
só se quer a vida cheia quem teve a vida parada
só se quer a vida cheia quem teve a vida parada

Só há liberdade a sério quando houver
a paz o pão
habitação
saúde educação
só há liberdade a sério quando houver
liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir